Ficha de Leitura
Dados de
identificação da obra
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Texto - Implicações do Ofício de
Docente
Autor: PERRENOUD, Philippe
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1.
Objetivos
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Examinar as implicações da construção de
competências para a transformação da relação dos professores com o saber. Na
perspectiva de uma educação cuja meta é antes fazer aprender que ensinar.
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2.
Principais
Conceitos
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Abordar os conhecimentos como recursos a serem mobilizados
(p 53)
Uma abordagem por competências
determina o lugar dos conhecimentos na ação: eles constituem recursos para
identificar e resolver problemas , para preparar e para tomar decisãoes.
A formação por competências exige
uma passar de uma lógica de ensino para uma lógica de treinamento. Exige
mudanças identitárias por parte do professor: 1- Não considerar uma relação
pragmática com o saber como uma relação menor; 2- Aceitar a desordem, a incompletude,
o aspecto aproximativo dos conhecimentos mobilizados como caracerísticas
inerentes à lógica da ação; 3 – sugerir e fazer trabalhar as ligações entre
conhecimentos e situações concretas, esperando do aluno não só o domínio dos
componentes, mas também a restituição da estrutura; 4- Ter uma prática
pessoal do uso dos conhecimentos na ação.
Trabalhar regularmente por problemas ( p 57)
No campo das aprendizagens gerais,
o estudante será levado a construir competências de alto nível somente confrontando-se
com problemas numerosos, complexos e realistas, que mobilizem diversos tipos
de recursos cognitivos.
O ofício de docente não
constituiria mais em ensinar , mas sim em fazer aprender, isto é criar
situações favoráveis, que aumentem a probabilidade do aprendizado visado.
Este processo tem incidências sobre a identidade e as competências docentes:
1- Transposição didática mais difícil, que se inspira nas práticas sociais e
nos conhecimentos de todo gênero que as abrange; 2 – Capacidade de identificar
os aprendizados efetivamente solicitados, requerendo um domínio maior da
disciplina; 3 – Capacidade de análise de situações e capacidade de ver de um
outro ponto de vista; 4 – Capacidade da gestão da aula em um ambiente
coplexo.
Criar ou utilizar outros meios de ensino ( p 61)
O trabalho por “situações
problema” não pode utilizar os atuais meios de ensino, concebidos em uma
outra perspectiva. Reinventar meios de ensino em função desta pedagogia entra
em conflito com grandes interesses econômicos. Se um ministério da educação
quiser promover a abordagem por competências, deverá estimular os editores e
a informática escolares neste sentido e oferecer garantias quanto a
estabilidade de sua política.
Negociar e conduzir projetos com os alunos ( p 62)
Não é possível imaginar que o
professor defina de modo unilateral as situações problema. Só funciona se o
poder for partilhado e se o professor escutar as sugestões e críticas dos
alunos, lidando corretamente com as situações. Este trabalho requer novos
trunfos: 1 – capacidade e vontade de negociar tudo quando pode sê-lo; 2 –
Conhecimento dos processos de projetos e dinâmicas de grupos restritos; 3 –
Capacidade de mediação ; 4 – Capacidade de análise do funcionamento do grupo
de tarefas.
Adotar um planejamento flexível, improvisar (p 63)
Quando se trabalha por projetos e
por problemas, sabe-se quando uma atividade começa, mas raramente quando e
como acabará, pois a situação carrega consigo uma dinâmica própria.
A abordagem por competências nos
obriga a fazer menos coisas, que produzem aprendizados e giram em torno de
importantes conhecimentos. Isso requer abrir mão de conhecimentos
considerados até hoje como indispensáveis. Isso requer que o professor saiba
extrair o essencial, que requer um trabalho de cada um sobre sua relação
pessoal com o saber e sua compreensão do real.
Estabelecer um novo contrato didático (p 65)
Em uma pedagogia dos
situações-problema, o papel do aluno é implicar-se, participar de um esforço
coletivo para elaborar um projeto e construir, na mesma ocasião, novas
competências. Do lado da identidade e das competências do professor, vemos
portanto: 1 – Capacidade para incentivar e orientar o tateamento
experimental; 2 – Aceitação dos erros como fontes de regulação e do
progresso, desde que analisados e entendidos; 3 – A valorização da cooperação
entre os alunos em tarefas complexas; 4 – A capacidade de explicar e de
ajustar o contrato didático; 5 – A capacidade de engajar-se pessoalmente no
trabalho.
Praticar uma avaliação formativa ( p 65)
Essa transformação do contrato
didático sugere que a avaliação formativa integra-se quase que “naturalmente”
à gestão das situações-problema. Uma avaliação por meio de situações de
resolução de problemas só pode passar pela observação individualizada de uma
prática, em relação a uma tarefa. Incidências sobre a prática do professor: 1
– Abrir mão da avaliação como meio de barganha; 2 – Dominar a observação
formativa da situação; 3 – Aceitar os desempenhos coletivos; 4 – Desistir de
padronizar a avaliação; 5 – Saber criar situações de avaliação certificativa;
6 – Saber e querer envolver os alunos na avaliação de suas competências.
Rumo a uma menor compartimentação disciplinar (p 67)
Uma compartimentação disciplinar
menos rígida exige uma formação disciplinar e epistemológica mais afinada dos
professores. Contra as tendência de compartimentação disciplinar os
professores teriam que: 1 – Sentir-se responsáveis pela formação global de
cada aluno; 2 – Sair do campo de especialização e discutir com os colegas
problemas de método, de epistemologia, de relação com a escrita, com o saber,
com a pesquisa ou instruir e deixar ser instruindo pelo colega; 3 –
Percebessem e valorizassem as transversalidades potenciais nos programas e
nas atividades didáticas; 4 – Não recuassem regularmente diante de projetos
ou de situações-problema, mobilizando mais de uma disciplina, mas, ao
contrário, que procurassem multiplicá-las com discernimento. 5 – Trabalhassem
com balanços de conhecimentos e competências à escala de várias disciplinas ou
todas elas; 6 – Aceitassem funções menos centradas em uma disciplina que nos
alunos: ajuda metodológica, estimulação de projetos coletivos, gestão de
escola, acompanhamento de projetos pessoais.
Convencer os alunos a mudar de ofício (p 68)
Quando confrontados com docentes
que procuram realmente negociar o sentido do trabalho e dos conhecimentos
escolares, os alunos, via de regra, após um período de ceticismo, aceitam e
mobilizam-se, se lhes for proposto um contrato didático que respeite sua
pessoa e sua palavra.
A abordagem por competência espera
dos alunos: Implicação (presença física, mental, imaginação, engenhosidade,
perseverança,etc); Transparência (torna visíveis os processos, os ritmos e os
modelos de pensar e agir); Cooperação (um projeto mobiliza o grupo, solicita
várias habilidades, divisão de trabalho e coordenação); Tenacidade (Prazo
maior, foco no objetivo, satisfação na conclusão); responsabilidade ( os
exercícios têm conseqüência com o grupo e com terceiros. A solidariedade
limita a liberdade).
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3.
Principais
Conclusões
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A abordagem por competência
depende da adesão e engajamento dos professores e supõe um novo tipo de
profissionalismo, identidade, formação para o ofício docente.
Ainda que haja vontade política
clara e durável. Ainda é preciso lutar com inúmeras resistências dos
docentes. (p 70)
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4.
Palavras
Chave: Conhecimento,
saber, profissão docente, prática pedagógica, teoria e prática,
situações-problema, projetos, competências.
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