quinta-feira, 13 de março de 2014

Minha primeira experiencia escolar



A Escolinha 
Minha mãe conta que desde pequenina eu já queria estudar, só que no final dos anos 70, onde eu morava não havia instituições de Educação Infantil ou, ao menos, não eram populares na época. O que existiam eram escolas improvisadas, em galpões ou garagens, com bancos e carteiras inadequadas  e algumas outras peculiaridades.

Eu estudava na escola de uma jovem de 15 anos, aproximadamente. A escolinha funcionava em um cômodo da casa da mãe dela. Uma casa humilde construída em parte de alvenaria e madeira, numa rua sem calçamento.

Lembro que a gente chegava, subia uma escadinha no barranco e entrava na sala da casa. Lá  havia um sofá, forrado com um lençol e na parede enfrente, um quadro com a  ilustração de um menino em pé, vestido com roupas brancas e de um homem crucificado, com umas letras escritas numa placa na parte superior da cruz. Curiosa, perguntei a outra criança, o porquê daquela cena ela me explicou que Jesus tinha que sofrer mas como ele era muito pequenos, os pais dele pediram que esperassem ele crescer, por isso, quando ele cresceu, pregaram ele na cruz. Considero relevante pontuar que todos os dias eu sentava e ficava olhando o quando e pensando na explicação  e até formulando maneiras para que Jesus pudesse ter fugido daquele destino.

Eu, meio que participava da vida da família da professora. Lembro que um dia cheguei para estudar e presenciei uma surra de sapatadas que a mãe da professora dava no filho mais novo.

Eu sempre entrava na escola passando pela casa. Subia a escada, entrava na sala, passava por um corredor com um quarto à direita, passava pela cozinha e dava de frente com um quarto de madeira, virava à direita e saía para o quintal. No quintal havia um banheiro, várias plantas, uma bacia enchendo de água numa torneira mais baixa. O quintal  estava sempre molhado  eu atravessava para a escola sobre uma pontezinha improvisa com uma tábua de madeira.
Da rotina da escola, lembro muito pouco. Éramos umas 10 crianças. Sentávamos em um banco de madeira comprido, um ao lado do outro. A professora sentava em uma mesa à frente,  e na mesa tinha uma palmatória enorme.

Eu estudava com um ABC pequeno, acho que 10X15 cm, porque era mais ou menos o tamanho de uma fotografia. Eu comprei o ABC no mercadinho  enfrente à praça, lá no Zé Bundinha (ele odiava o apelido). Na capa havia a ilustração uma professora com cabelos presos e saia preta, que apontava as letras A B C, escritas num o quadro negro. Era impresso apenas com letras pretas num papel amarelado. Continha o alfabeto maiúsculo, minúsculo, vogais,  consoantes, sílabas simples e, depois, sílabas complexas. Lembro que eu dava a lição de forma corrida e também salteada. Para fazer a forma salteada a professora utilizava um papel com um buraquinho no meio o qual  só permitia ver uma letra pó vez, assim a gente não podia colar olhando as letras que vinha antes ou depois.

Quanto aos colegas, não me lembro bem, apenas me recordo de um garoto negro, maior da turma, que na hora da lição sempre caia na palmatória. A professora dizia que eu era inteligente, e acho que eu não levava muitos bolos, entretanto devia levar um, de vez em quando, porque me lembro de arrancar fios de cabelo e coloca-los na palma da mão. É que existia uma conversa de que se a palmatória batesse numa mão que tivesse um fio de cabelo na palma, esta se partiria ao meio. Parece que era só conversa, porque nunca vi nenhuma se partindo.




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