segunda-feira, 2 de abril de 2012

Resenha: Educação na América Látina


resenha

Texto: Educação na América Latina: Identidade e globalização. Publicado na revista Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 2, p. 157-165, maio/ago. 2008.

Autor: Benno Sander. Doutor (Ph. D.) em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Washigton, DC. É professor titular aposentado da UFF e foi professor da UNB, da FLACSO/Argentina e da Universidade de Harvard. Foi diretor de Educação e Políticas Sociais da OEA. Atualmente é presidente da Associação Nacional de Política e Administração da Educação – ANPAE. 

O artigo de Sander, por ele denominado ensaio, tem por objetivo estudar e interpretar o fenômeno da globalização e da situação da educação na América Latina no contexto do mundo globalizado. Revelar como a globalização afeta a história latino-americana, especialmente a história da educação. Revelar como os valores se socializam na América Latina, pelos organismos internacionais e, nesse contexto examinar sua contribuição ou intervenção na reformulação de políticas públicas e na adoção de práticas educacionais.
O texto é dividido em quatro partes: introdução, promessas e falácias da globalização, o papel das organizações internacionais e à guisa de conclusão.
O autor inicia o texto partindo da premissa que só é possível examinar compreensivelmente os problemas sociais, locais e regionais no contexto global que se inserem. A história da educação latino-americana das últimas décadas foi decisivamente influenciada pelo pensamento sociológico que se desenvolveu na América latina, desde meados do século XX. Entre os movimentos desça-se a teoria da dependência.
Uma das preocupações permanentes do pensamento latino-americano, nele incluindo a teoria da dependência sempre foi a busca incessante de identidade, reiteradamente ameaçada pela intervenção política e cultural externa. Atualmente este busca assume maior relevância visto que hoje confrontamos novos mecanismos de interdependência desigual nos distintos campos da atividade humana, incluindo a educação.
O autor mostra como a globalização afeta nossa história e discorre sobre os efeitos deste processo. Segundo ele, a globalização é um fenômeno essencialmente europeu que se confunde com a formação da própria civilização ocidental nos primórdios da era moderna. No século XX esgota-se a fase da globalização colonial e consolida-se a atual fase da globalização econômica, capitaneada pelo colonialismo norte-americano.
No cenário político, a palavra de ordem dos protagonistas liberais da globalização da economia e da atividade humana é a expansão da democracia à moda ocidental. Este processo tem limitações, a globalização da economia e da atividade humana oferece oportunidades a sociedades e indivíduos de todo o mundo, mas seus benefícios não se distribuem de forma equitativa.
Em seguida o autor pontua que existe uma extensa literatura especializada sobre globalização e faz considerações sobre algumas delas.
Segundo o autor as duas últimas décadas foram testemunhas da enorme influencia de alguns movimentos patrocinados pelos organismos de cooperação e financiamento internacional para direcionar ou redirecionar as políticas públicas no campo específico da educação latino-americana.
Do universo das organizações internacionais e regional que vêm influenciando o processo de políticas públicas e orientando o desenvolvimento no campo da educação, o autor limitou seus comentários à experiência latino-americana referindo-se em particular à ação da Organização das Nações Unidas  para Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial (BIRD). Cita que a ação mais duradoura na educação latino-americana foi patrocinada pela UNESCO e enfocava a descentralização na gestão da educação, de inspiração liberal, mas combinada com um sistema de planejamento baseado na experiência de planificação central dos países socialistas.
Com a drástica redução de recursos para a educação em todo o mundo, ocasionada pela retirada dos Estados Unidos da UNESCO, seguido por Inglaterra e Singapura, os bancos internacionais, especialmente o Banco Mundial, passaram a investir maciçamente em educação nos países em desenvolvimento.
No início da década de 1990 a CEPAL e a UNESCO, publicam o livro Educação e conhecimento: transformação produtiva com equidade (1992). Com este documento a CEPAL abandona a teoria da dependência e adota o paradigma da globalização.
Segundo o autor o episódio de 11 de setembro nos Estados Unidos representa o marco de surgimento de uma nova época. Uma época em que não existem ilhas de prosperidade e segurança na aldeia global. Neste sentido, os atuais desenvolvimentos, em particular a ONU, enfrentam desafios sem precedentes para cumprir a missão para a qual foram criados em 1940. Estes desafios afetarão as agendas educacionais e os esforços de construção da nossa identidade cultural e educacional.
Segundo o autor, que faz referencia a Paulo Freire e Pablo Neruda como personalidades  que contribuíram para criação de uma pedagogia latino americana. Segundo o autor a  tarefa central para enfrentar o desafio de preservar nossa identidade cultural e investir permanentemente na construção de uma pedagogia brasileira, aberta e universal, e destinada a fortalecer nossa capacidade de participação na definição dos destinos coletivos da humanidade.
A leitura do texto é muito relevante para todos os educadores, pois segundo o autor está em nossas mãos construir esta pedagogia. O texto é especialmente desafiador para nos que nos propomos a estudar os problemas sociais e políticos que nossas escolas enfrentam, nos tornando produtores de conhecimento.







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